segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Basilica de Aparecida do Norte


Seis décadas depois de criada a Vila de Guaratinguetá, um certo capitão José Correia Leite, adquiriu terras em Tetequeras, nas margens do Rio Paraíba do Sul, cerca,de três léguas abaixo de Pindamonhangaba. O Porto existente em sua fazenda, ficou então conhecido pelo nome de Porto José Correia Leite (atual Porto Itaguaçú).
Em dezembro de 1716, o rei D. João V, nomeou D. Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, conhecido como Conde de Assumar, para governar como Capitão General a Capitania de São Paulo e Minas Gerais, que pouco depois seria desmembrada em duas, por sugestão dele mesmo. Foi homem importante, viria a ser mais tarde vice-rei da Índia. Embarcou no Rio de Janeiro para Angra dos Reis, Parati e Santos, daí galgou a Serra do Mar e foi a São Paulo, onde tomou posse em 04 de setembro de 1717. Pouco depois seguiu para Minas Gerais, pela chamada estrada real, hospedando-se com toda sua comitiva em Guaratinguetá de 17 a 30 de outubro, à espera de suas bagagens que deixara no porto de Parati.

A Câmara Municipal da Vila de Santo Antonio de Guaratinguetá viu-se em apuros para abastecer a mesa de tão ilustre visitante, por isso convocou os pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves, e os mesmos saíram em pescaria pelo Rio Paraíba. Desceram e subiram o rio várias vezes e nada conseguiram, chegando ao Porto "José Correia" o pescador João Alves arremessando sua rede às águas do Rio Paraíba sentiu que algo ali se prendera, puxou-a de volta ao barco e viu que se tratava de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, sem a cabeça. Arremessou novamente a rede e apanhou a cabeça da imagem. Os três pescadores sem nada entender continuaram a pescaria, quando para surpresa de todos os peixes surgiram em abundância para aqueles homens.

Segundo o relato daquelas humildes pessoas, foram tantos peixes logo conseguido, depois de “aparecida” a imagem, que a canoa ficou cheia. Até ameaçava afundar. Alegraram-se muito com o ocorrido e foram levar o pescado à Câmara Municipal de Santo Antonio de Guaratinguetá, mas primeiro passaram pela casa de Felipe Pedroso e deixaram a preciosa encomenda confiada aos ciudados de Silvana da Rocha, mãe de João, esposa de Domingos e irmã de Felipe. Puseram-na dentro de um baú, enrolada em panos, separada uma parte da outra.

A casa de Silvana foi o primeiro oratório que teve aquela imagem, e ficou com ela cerca de nove anos, até 1726, data provável de seu falecimento. O marido e o filho, Deus já os chamara antes. Assim tornou-se herdeiro da imagem seu irmão, Felipe Pedroso, o único sobrevivente da milagrosa pescaria. Sua casa foi o segundo oratório, por seis anos, perto da Ponte Sá (proximidade da atual Estação Ferroviária) e também o terceiro, por mais sete anos, na Ponte Alta, para onde se mudara. Em 1739, Felipe Pedroso mudou-se mais uma vez, já velho, para o Itaguaçú, e fez a entrega da imagem a seu filho Atanásio. Até então a imagem ficava dentro do baú, guardada, e só era tirada de lá nas horas da preces, quando era posta sobre uma mesa. Na casa de Atanásio Pedroso, que ficou sendo seu quarto oratório, ela passou a ter altar e oratório de madeira, feitos por ele. Chamava sempre parentes e amigos e com eles rezava o terço e entoava cânticos. O número de devotos começou a aumentar, alguns sentiram-se favorecidos por graças e até por milagres, que apregoavam. A fama da Santa Aparecida foi crescendo e a notícia dos prodígios chegou aos ouvidos do vigário da Paróquia, Padre José Alves, que mandou seu sacristão, João Potiguara, assistir as rezas e observar. Baseado nas informações desse, e tendo ouvido outras pessoas, resolveu o vigário construir uma capelinha ao lado da casa de Atanásio, que, nessas alturas, estava morando no Porto Itaguaçú, onde a imagem fora encontrada.

Consta que o vigário quis levar a imagem para Guaratinguetá, levou-a por duas ou três vezes, mas o povo ia às escondidas e a trazia de volta. Depois corria a notícia de que a imagem fugira de volta para o bairro Itaguaçú. Resolveu o padre José Alves Vilela, no ano de 1743, construir uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros, a qual terminou sua construção dois anos depois, abrindo a visitação pública em 26 de julho de 1745 (dia consagrado a Santa Ana), dia em que foi celebrada a primeira missa.

Assim, 28 anos depois de “aparecida” a imagem nas águas do Rio Paraíba do Sul, ela teve sua capela, que iria durar 138 anos, até 1883.

Em 1894, chegou em Aparecida um grupo de padres e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos romeiros que acorriam aos pés da Virgem Maria para rezar com a Senhora ”Aparecida” das águas.

No dia 8 de setembro de 1904, D. José Camargo de Barros coroou solenemente a Imagem de Nossa Senhora Aparecida. Em 29 de abril de 1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor, passados vinte anos, no dia 17 de dezembro de 1928, a vila que se formou ao redor da Igreja no alto do Morro dos Coqueiros tornou-se Município, e em 1929, Nossa senhora foi proclamada Rainha do Brasil e sua Padroeira oficial, por determinação do Papa Pio XI.

Com o passar do tempo o aumento do número de romeiros foi aumentando e a Basílica tornou-se pequena. Foi então que os Missionários Redentoristas e os senhores Bispos iniciaram no dia 11 de novembro de 1955 a construção da atual Basílica Nova, o maior Santuário Mariano do Mundo. Em 1980, ainda em construção, recebeu o título de Basílica Menor pelo Papa João Paulo II. Em 1984, foi declarada oficialmente Basílica de Aparecida Santuário Nacional, pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

Basilica Nova

Com planta elaborada pelo arquiteto Benedito Calixto de Jesus Neto, aprovada pela Santa Sé, teve suas obras iniciadas no ano de 1946.

Concluída por Dom Carlos de Vasconcelos Mota, 1° Arcebispo de Aparecida, teve um quinto mandato entregue ao povo em 1967, com Rosa de Ouro mandada pelo Papa Paulo Vl, para ornamentar o Santuário.

Desde 1926, o povo e os missionários Redentoristas desejavam uma igreja maior, pois nos dias de festa não havia condições de trabalho e conforto na igreja. Entretanto, Dom Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo de São Paulo, que construía a catedral e o Seminário Maior do Ipiranga e precisava do salto do cofre do Santuário, não se interessou em construir uma nova igreja em Aparecida. Somente seu sucessor, e grande devoto de Nossa Senhora Aparecida, Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, comprometeu-se em 1939, e prometeu construí-la. Sua morte prematura, em acidente de avião no ano de 1943, interrompeu planos e trabalhos. Novamente, a instâncias dos Redentoristas e dos peregrinos, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, novo Arcebispo de São Paulo (1944-1964), retomou o projeto de Dom José e deu, ainda que demorados (1945-1955), os passos necessários para a construção, lançando a primeira pedra a 10 de setembro de 1946.

Entre 1952 e 1954 foi canalizado o córrego da Ponte Alta e nivelado o Morro das Pitas. A 8 de setembro de 1954 foi lançada nova pedra fundamental, pois a primeira tinha sido violada e roubada.

Em julho de 1955, o Sr. Cardeal Motta indica e recebe como bispo auxiliar o Pe. Antônio Ferreira de Macedo, Redentorista, que pôs os pés no chão e mãos à obra, dando início efetivo à construção no dia 11 de novembro daquele mesmo ano de 1955, com a concretagem das colunas da ala ou nave norte. Dom Macedo construiu a nave norte, torre e parte da cúpula, dando prosseguimento à construção da cúpula e naves sul, leste e oeste, com as respectivas capelas laterais, o também Redentorista Pe. Noé Sotilo.

A imagem de Nossa Senhora Aparecida está em um nicho de mármore e ouro, dominando o Altar-Mor.

Basilica Velha

Visite a Basílica Velha (Igreja Matriz), construída pelo Padre José Alves Vilela, em 1745, passou por duas reformas, a primeira entre 1760 e 1780, quando recebeu nova fachada com duas torres, e a segunda entre 1824 e 1834.

Passados dez anos da última reforma, uma das torres não oferecia segurança. A mesa administrativa, que cuidava dos bens da Capela, pediu em julho de 1844, ao mestre pedreiro José Mello Costa que verificasse seu estado. Constatado o perigo, a Mesa decidiu, na seção de 26 de setembro deste mesmo ano, demolir a torre e construir outra, para o que foi autorizado pelo Juiz Provedor.

Os trabalhos foram iniciados em novembro com a ativação da pedreira Cachoeira, situada no caminho que demandava a Cunha. O transporte das pedras foi iniciado em janeiro de 1845, pelo Padre Antônio Francisco de Oliveira, que possuía carros de bois e escravos para esse serviço. Como era difícil para os carros subirem a "Rua da Calçada", atual Rua Monte Carmelo, a Mesa decidiu, em fevereiro do mesmo ano, abrir outro caminho por trás do morro da Capela, para facilitar o transporte.

De início pensava-se em demolir a torre que oferecia perigo, mas depois se decidiu pela demolição das duas torres e, posteriormente, a construção de uma nova fachada e de duas novas torres. A mudança nos planos ocorreu porque havia desejo de se construir uma igreja mais bela e mais condigna para abrigar a imagem da Senhora Aparecida. A riqueza que o ciclo do café estava trazendo ao Vale do Paraíba fazia aumentar o fluxo de peregrinos.
A mudança de planos trouxe certo atraso no início das obras, mas em maio de 1845 as atas já falavam na construção de uma das torres. De fato, o portal da primeira torre, a da direita, traz esculpida a data de 1846. Nesta altura dos acontecimentos, já estava autorizada a construção de toda a fachada com duas torres. À torre da esquerda traz em seu portal a data de 1848. As duas torres da "Basílica Velha" são encimadas por um conjunto onde se pode ver uma esfera, uma cruz e um galo. O conjunto é obra do artista João Júlio Gustavo, que em 15 de setembro de 1859 recebeu o pagamento pela sua confecção e colocação no topo da primeira torre, que ficou pronta neste mesmo ano.
Em fevereiro de 1862, a Mesa decide carrear as pedras necessárias para a construção da segunda torre e "depois das chuvas fazer o engenho para fazer subir as mesmas e concluir a torre". O seu término, porém, se deu somente em fins de janeiro de 1864.
Finalmente, depois de 19 anos, a Capela ostentava sua artística e vistosa fachada com suas duas torres. As mesmas torres que, no dizer do Redentorista Pe. José Wendel detinham os romeiros, quando ainda longe avistavam, para um instante de preces e de alegria. E apeando-se de seus cavalos, ajoelhavam-se no chão, agradecendo a Deus e cantando hinos à Senhora Aparecida.

De estilo Barroco, foi tombada como monumento de interesse histórico-religioso e arquitetônico, pela resolução n° II de 18 de abril de 1982. O som de seus carrilhões emociona devotos e turistas sempre as 12 e 18 horas.

O altar-mor e o retábulo foram esculpidos em mármore de Carrara, na Itália. As figuras, também em mármore que encimam o altar, representam as virtudes. Os púlpitos e as talhas ornamentadas foram esculpidos em bom cedro da Bahia, encomendados por Frei Monte Carmelo, bem como as seis imagens que se acham nos nichos da nave central.
Possui um órgão de tubos, alemão, de excelente sonoridade. As tribunas laterais da nave serão, em breve transformadas em museu de arte sacra.


O som de seus carrilhões emociona devotos e turistas sempre às 12 e 18 horas.

Milagres no teto

Na cornija do teto da Basílica Velha, estão gravados em telas pelo pintor alemão residente no Rio de Janeiro, Thomas Drindl, seis milagres: a pesca milagrosa, o milagre do escravo e da vela, da menina cega, do caçador agredido por uma grande onça, o menino salvo das águas do rio. É, entretanto, infinito e incontável o número de graças ou milagres alcançados de Deus por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, como consta na Sala dos Milagres. O maior de todos, porém, é o da conversão pessoal para Cristo, que é o resultado da mensagem da jubilosa esperança de salvação em Cristo que os peregrinos encontram neste Santuário por intercessão de Nossa Senhora.

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